Aventuras em Marte: Mais vale um ovo de Colombo do que um pirata em Marte!
Eu disse que o último post referente a filmes CH seria o último, mas me lembrei deste aqui que não é bem um filme, mas não poderia deixá-lo de fora!
Aventuras em Marte é um episódio dividido em duas partes exibido no Programa Chespirito em 1981 e que o SBT teve a brilhante idéia de uní-los para transformá-los em um filme, já que cada episódio tem, em média, 45 minutos de duração. Do blog O Poderoso Chofer, publicado em 28/12/2014.
Nesto caso não se trata de um filme propriamente dito, mas sim de uma sequência de quadros do Chapolin Colorado (que tinha deixado de ser um programa independente em 1979), que foram exibidos juntos pelo SBT em 1999 (porém dublada em 1992 pelos estúdios Maga), em quase uma hora e meia de duração, como se fosse um longa metragem. Nem o roteiro em si só é original (a propósito, vocês sabem que Chespirito sempre dava um jeito de reaproveitar várias idéias em suas produções), sendo na verdade uma junção de vários outros episódios em um só, com algumas mudanças. Umas boas, outras nem tanto.
Os episódios em questão são "A História de Colombo/O Ovo de Colombo" (a primeira versão de 1975 e a segunda de 1978), "Confusão nas Estrelas/O Pirata do Asteróide" (de 1976), "Um Robô Desparafusado/O Robô que Pirou” (a primeira versão de 1973, a segunda de 1976 e a terceira de 1979) e "O Planeta Vênus/O Planeta Selvagem" (a primeira versão de 1973, disponível na internet apenas em versão ripada de VHS e a segunda de 1975).
A primeira parte do "filme" é a menos engraçada e é uma mistura dos três primeiros episódios citados no parágrafo anterior, só que sem a história de Cristóvão Colombo e sem a trama do pirata (que apareceria de forma meio camuflada na segunda parte). Edgar Vivar é um cientista que quer levar uma nave, tripulada por Rubén Aguirre e Ramón Valdez (que a essa altura já tinha voltado ao seriado) até Marte tomando um outro rumo (Colombo) e por conta disso não obtém confiança necessária por parte do investidor Horácio Gómez Bolaños.
Para piorar, ele inventou um computador em forma de mulher (Angelines Fernandez) para lhe auxiliar nos cálculos, porém a mesma está com uns parafusos soltos e não sabe bem o que faz.
Conforme não consegue concluir seu projeto, pede ajuda para o Polegar Vermelho, que o aconselha a fazer uma publicidade bem agressiva da nova nave que inventou (Pirata do Asteróide), conseguindo finalmente lançar seu foguete a Marte.
Repare que a nave nada mais é do que uma réplica de um Cruzador do Império da franquia "Guerra nas Estrelas" com um chroma key de fundo representando o espaço sideral. Na primeira versão do episódio de Vênus eram usadas cenas de arquivo de lançamentos reais da NASA, o que eu particularmente acho até mais dramático e emocionante visualmente.
Para não dizer que não há piadas boas nessa parte do filme, há uma que merece destaque: Quando o cientista informa que há uma câmera dentro da nave, realmente há uma câmera! Mas é da Televisa, daquelas grandonas, os filmando.
E lembram-se do comercial da "Cheves: A Cerveja Incrível", que tinha no episódio da "Branca de Neve e os Sete Chuim Chuim Chum Flains"?
Pois bem, neste episódio também tem uma pausa para os comerciais.
Porém, a piada mais engraçada de todas dessa parte é a da contagem regressiva!
E eis que chegamos a segunda parte do filme, quando a nave pousa em Marte e, a partir daí, quase toda a história é um xerox perfeito dos episódios em Vênus, com algumas alterações. Por exemplo: No primeiro episódio, Vênus parece um cenário pré-histórico.
No segundo, Vênus é uma selva.
E neste, Marte parece um cenário externo de "Vingador do Futuro" (que nem tinha sido lançado à época) ou de "Flash Gordon" (aquele filme com Max Von Sydom, que foi lançado um ano antes).
O mesmo pode se dizer dos figurinos das extraterrestres. No primeiro episódio, Florinda Meza e Maria Antonieta de las Nieves estão trajadas como mulheres das cavernas e com cabelos que mais parecem piaçava de vassoura.
No segundo, continuam vestidas de mulheres das cavernas, mas seus vestidos tem um desenho que explora melhor suas curvas e seus cabelos estão menos "revoltos".
Finalmente, em Marte há muito mais habitantes do que em Vênus e todos usam roupas à la Grécia Antiga. Conforme a intérprete de Chiquinha tinha deixado o seriado, quem faz companhia a Florinda Meza aqui é a atriz Maria Clara Zurita, que à época estava bem conservada para os seus 45 anos de idade.
Se nos episódios antigos, as venuzianas eram medrosas e se limitavam apenas a correr dos astronautas, as marcianas aqui tem poderes e conseguem criar campos de força apenas fazendo simples riscos no chão.
Claro que também há as piadas de praxe das versões anteriores, no caso as pedras aerolitos que podem fazer de tudo, como também as tentativas de Chapolin Colorado de tentar se comunicar com a Terra. Para quem não sabe, a sigla usada nos episódios originais, "SBBHKK" tem um som que parece a expressão em espanhol "Ese bebê hace caca" ("Esse bebê faz cocô").
Há também piadas novas, como quando Chapolin e os astronautas estão na nave e dá uma caganeira brava no Polegar Vermelho e ele não tem como se aliviar.
Contudo há aqui um elemento novo: Um marciano, interpretado por Arturo Garcia Tenório, que vocês talvez o reconheçam como sendo o bebê jupiteriano de um episódio antigo do Chapolin (no caso da primeira versão desso episódio, de 1974) ou o pai de Jaime Palilo, na versão mexicana de Carrossel.
Sua função aqui é dar uma mensagem pacifista, dizendo que rejeita a tecnologia terráquea, pois só serve para trazer poluição e guerra e que por isso irá destruir a nave dos astronautas (O Pirata do Asteroide).
Não bastasse ele se vestir também como grego antigo, seu veículo de transporte é bem estiloso. Parece uma moto espacial, só que com uma lira no lugar do guidão (a lira será uma referência a Apolo, deus do sol e da razão?).
Guardadas as devidas proporções, nada me tira da cabeça que esse veículo é inspirado nesse aqui abaixo, afinal o filme foi lançado um antes do episódio de TV!
Por fim, o final do episódio é igual ao final dos episódios em Vênus, com a diferença que aqui antes há um "falso final", que deve ter sido inspirado no final de "O Pirata do Asteróide", só que menos radical.
O filme inteiro com a dublagem Maga está disponível aqui:
Fonte: O Poderoso Chofer.