Em 1944, nascia Marcelo Gastaldi, a voz do Chaves e Chapolin no Brasil
Por JefCH, do site O Baú do Chaves, de 20/10/2013 e atualizado por Cupinchas CH
Em 20 de outubro de 1944, há exatos 74 anos, nascia em São Paulo a voz que imortalizou Chespirito nas séries Chaves e Chapolin no Brasil, Marcelo Gastaldi.
Indiscutivelmente, o sucesso de Chaves e Chapolin no Brasil se deve a dublagem e Marcelo Gastaldi foi um dos responsáveis por ela, mas a vida deste grande dublador não se resume apenas a "Chaves" e "Chapolin". Gastaldi também emprestou sua voz para Charlie Brown, Wada em "Spectreman", o atrapalhado Ralph Hinkley em "Super Herói Americano", em "Racoons", PC em "People" e John Lennon em "John e Yoko: Uma História de Amor" e de vários outros personagens de desenho animado. Entre eles, personagens secundários no desenho do "Pica-Pau".
Nos anos 1980, fundou o estúdio de dublagem Maga, que não tinha um estúdio próprio. As gravações geralmente eram feitas nos estúdios da TVS e, posteriormente, nos estúdios da Marsh Mallow. A Maga (Marcelo Gastaldi), apareceu logo após o fechamento dos estúdios Com Arte e Elenco, também ligados à emissora de Silvio Santos. As duas companhias de dublagens, utilizaram o mesmo cast de dubladores, os mesmos estúdios e equipamentos. Na verdade, a Maga não era um estúdio e sim uma cooperativa de dubladores. Atualmente é o Estúdio Marshmallow.
Engana-se quem pensa que Gastaldi se restringia apenas na área da dublagem. Ele também atuou e foi cantor. Como ator, participou de três seriados de TV nos anos 1960 e 1970, dentre eles, "Regina e o Dragão de Ouro". Trabalhou nas novelas "Eu Amo Esse Homem", em 1964, na TV Paulista e "Sombras do Passado", em 1983, do SBT. Gastaldi ainda produziu e atuou em um seriado inspirado em Chaves junto com outros dubladores das séries chamado "Feroz e Mau-Mau", onde interpretava o personagem Mau-Mau.
Veja abaixo o episódio piloto da série:
Aqui, Marcelo Gastaldi diz o que esperava da série:
Como cantor, foi membro do grupo "Os Iguais", da Jovem Guarda, junto com Mário Lúcio de Freitas, Antônio Marcos e Appolo Mori.
Em entrevistas com Mário Lúcio de Freitas e Cecília Lemes, amigos pessoais que por anos trabalharam com Gastaldi, buscamos saber mais sobre a vida pessoal e profissional deste showman.
Mário Lúcio de Freitas, produtor musical, compositor, músico, apresentador, dublador, diretor de dublagem, cantor, ator e foi amigo pessoal de Gastaldi.
O Baú: Quando e como que você conheceu o Marcelo Gastaldi?.
Mário Lúcio: Eu o conheci na TV Paulista (hoje, Rede Globo), em 1960. Fui contratado para trabalhar lá como ator, apresentador e cantor e ele já trabalhava lá como ator.
O Baú: E vocês aparentemente pareciam ser amigos pessoais. Como era Marcelo no dia-a-dia fora dos estúdios de dublagem?
Mário Lúcio: Sim, éramos amigos. Ele e sua esposa Olga até batizaram um dos meus filhos. Tivemos um quarteto vocal juntos (Os Iguais), em 1966 e compusemos muitas canções e aberturas de TV em parceria. Ele era extremamente caseiro, curtia muito sua família.
O Baú: A família de Gastaldi diz estar passando por necessidades. Você tem contato com eles e essa informação procede?
Mário Lúcio: Quanto ao fato de seus filhos e sua esposa estarem passando dificuldades financeiras, a informação procede. Tenho contato com eles, mas de maneira eventual.
Cecília Lemes, atriz, dubladora da Chiquinha e Paty, e foi amiga particular de Gastaldi.
O Baú: Quando e como você conheceu Gastaldi?
Cecília: Eu conheci o Marcelo quando comecei a dublar, em 1969. Nós sempre nos encontrávamos nos estúdios. Trabalhamos juntos também em outros projetos, como um em que nós gravávamos vozes para uma produção de teatro japonesa para apresentação no Brasil. Essa mesma produtora foi quem me levou ao Japão para atuar em um filme para o cinema, "Regina e o Dragão de Ouro". Nesse filme, o Marcelo fez a voz de um boneco chamado Papagaio Gaio. Como esse filme fez sucesso, acabou dando origem a peças de teatro e, com isso, eu e o Marcelo viajamos durante uns dois anos pelo Brasil para as apresentações. Depois, esse filme também deu origem a um quadro no programa "Gente Inocente", da TV Tupi. Com esse convívio todo, a nossa amizade ficou bem fortalecida.
O Baú: Como era a rotina de vocês nos estúdios de dublagem e os momentos em família?
Cecília: Naquela época, a rotina de dublagem era diferente. Não havia tantos recursos técnicos. Para você ter uma idéia, todos os dubladores trabalhavam juntos no estúdio. Para dublar um filme de longa metragem, demorava uns quinze dias. Hoje cada dublador grava sozinho a sua parte e um filme demora uns quatro dias para ficar pronto. Na TVS (SBT), a nossa rotina de trabalho era diária. Trabalhávamos muito, mas, em alguns finais de semana nos encontrávamos e algumas vezes eu, meu marido e nossas duas filhas fomos para Bertioga convidados pelo Marcelo e pela Olga, onde eles tinham uma casa de praia. Gostamos tanto que acabamos construindo uma casa na outra esquina da rua deles. Assim, nossas crianças, quatro deles e as duas nossas, também conviveram bastante. Daí você pode ter uma idéia da nossa amizade e da saudade que temos daqueles momentos em que convivemos com Marcelo Gastaldi.
O Baú: E a família dele, vocês ainda tem contato?
Cecília: Temos contato sim, embora não com muita frequência.
Nota: Ambas entrevistas feitas via Facebook.
E assim, no dia 3 de agosto de 2018 se passou 23 anos da morte de Marcelo Gastaldi, aos 50 anos. Comenta-se, inclusive, que a causa de sua morte deve-se a um atropelamento, porém a causa morte foi devido a uma baixa em seu sistema imunológico, causado pelo agravamento da diabetes.
Nossos singelos agradecimentos ao Mario Lúcio de Freitas e a Cecília Lemes pela atenção e pela credibilidade que nos foi colocada.
Abaixo um vídeo em homenagem à Marcelo Gastaldi, como música de fundo "A Partida", maior sucesso do quarteto "Os Iguais".
Entrevista, pesquisa, texto, roteiro e vídeo: JefeCH. Revisão: Roberto Cirilo. Atualização: Blog Cupinchas CH.