Não se diz cagueta, se diz chupeta!!!
Depois das festas de fim de ano (e, de preferência, sem estar com dor de cabeça por causa da ressaca!), vamos saber mais uma piada sem sentido do menino do 8!
Lembram-se daquele episódio (inesquecível para mim, pela voz irritante do Chaves, que era um dos primeiros a ser dublado pela Maga nos anos 1980), logo no começo, quando o Seu Madruga vai falar um monte para o nosso querido menino da vila por ter dito à Dona Florinda que não havia pedra naquele estilingue? É o episódio "O Matador de Lagartixas" ("La Resortera"), de 1976.
Pois então, ali começa um dos diálogos mais sem sentido do seriado, especialmente na versão dublada. E é dali que sai a famosa frase "Não se diz cagueta, se diz chupeta!", que, imagino eu, sempre tenha carecido de uma explicação sóbria e sensata. Mas vejamos a partir dos 2:38 do vídeo a seguir.
Toda essa confusão tem início por causa de um verbo em espanhol que não temos no português (não em tradução perfeita): O echar, que pode significar muitas coisas. Uma pessoa echa de menos quando tem saudade, echale sal quando salga alguma comida, echa a perder quando desperdiça algo, echa quando demite alguém... Enfim, são nada menos do que 48 significados possíveis, de acordo com a Real Academia Espanhola. Isso sem falar em locuções, gírias ou regionalismos.
E é daí que sai o echar de cabeza, expressão usada pelo Seu Madruga quando o Chaves o dedura para a Dona Florinda. Só que, analisando friamente, não seria tão absurdo assim encontrar outro significado para tal declaração. Confira, no áudio original a partir de 2:50 do vídeo a seguir.
O Chaves se limita a entender a versão mais "clássica" do echar: "Jogar de cabeça". E responde que alguém que "echa de cabeza" outra pessoa é um lutador de luta livre (e não carrasco!), porque "agarram o outro lutador e jogam de cabeça no ringue e ganham porque o juiz levanta a mão dele". Perceberam como o gestual dele durante a fala tem mais sentido?
Mas, o que vem a seguir, é um festival de bobagens do Chaves para as perguntas do angustiado Seu Madruga, que diz se referir a pessoas "delatoras" (ou caguetas). Mas qualquer coisa, menos isso, foi entendida. Basta ver a risada do garoto do barril: "Não se diz 'de la tora' (ou "da toura", em português), se diz 'de la vaca'", responde ele.
Viram? É apenas uma piadinha ingênua, simples e que não tem nada a ver com a tal da chupeta. Só que, convenhamos, não era nada fácil encontrar alguma conversa com sentido para tal passagem tão desconexa (e engraçada!) da versão original. Até o próprio Seu Madruga admite que os dois não estavam falando na mesma língua.
Na sequência, vamos desmascarar que "o dedo duro é o dedo esticado", mesmo que não deixe de ser verdade.
Seu Madruga pergunta (em espanhol) se o Chaves sabe o que é um traidor (e não um dedo-duro). A resposta simplória do garoto é dizer que um "traidor" é alguém que traz coisas. Tem lá seu sentido, já que "trazer", em castelhano, é "traer". E um "traedor", pensando assim, pode ser encarado como alguém que "traz coisas".
Até um outro dia...